Diário da Quarentena-Russa, Inglesa, Chinesa, Alemã ou Americana…que vacina vai salvar meu carnaval?

Por Caco Schmitt
Jornalista, roteirista e diretor. Trabalhou na TV Cultura/SP como diretor e chefe da pauta do jornalismo; diretor na Agência Carta Maior/SP e na Produtora Argumento/SP. Editor de texto no Fantástico, TV Globo/SP. Repórter em vários jornais de Porto Alegre, São Paulo e Brasília.

Segundo semestre de 2020, muito tempo sem vida normal. O país segue sem liderança, o combate ao coronavírus ineficiente, a epidemia avança no sul, nos resta fazer como o povo do carnaval do Rio de Janeiro: só desfilar depois da vacina! Bom portelense que sou, espero que minha escola também assuma essa postura, enquanto a gente fica torcendo pela vacina. Pra mim não importa a nacionalidade, só quero que ela mude o samba-enredo da humanidade!
Cada uma tem a sua expectativa de causar na avenida, inclusive já a partir do o mês que vem (afinal, no carnaval é permitido sonhar…). Então, vamos desfilar pelas alas da Ciência! A comissão de frente é a vacina da Rússia. Ontem, a velha Agência Tass alvoroçou as arquibancadas e camarotes do planeta ao afirmar que os ensaios clínicos com voluntários terminaram e o lançamento da vacina pode ser já em agosto. Que festerê! Yelena Smolyarchuk, chefe do centro de pesquisa clínica da Universidade Sechenov, diz: “A pesquisa foi concluída e provou que a vacina é segura”. Os cientistas russos acreditam que ela seja distribuída agora em agosto. Segundo a Tass, a previsão é que entre em “circulação civil” até o dia 14 de agosto e a produção em massa em setembro.
A segunda é a minha favorita pela seriedade dos britânicos: a vacina pesquisada pela Universidade de Oxford e pela empresa AstraZeneca. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) está na parceria. Haverá a transferência da tecnologia de produção à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Está sendo testada no Brasil na terceira fase de testes clínicos. A diretor-médica do grupo farmacêutico AstraZeneca, Maria Augusta Bernardi, disse à Agência Brasil: “Esperamos ter dados preliminares quanto à eficácia real já disponíveis em torno de outubro, novembro, mas a vacina poderá ficar disponível à população ainda este ano”. Isso porque milhões de doses já estão sendo produzidas antes mesmo do final dos testes, tamanha a certeza que os ingleses têm quanto à eficácia.
Poderei desfilar com uma russa em agosto, setembro; ou com uma inglesinha em outubro, novembro. Mas se tudo der errado e elas não vierem, existe a chance de atravessar a passarela do samba em novembro com a chinesa, que começa a ser testada no Brasil. É a Coronavac. São Paulo será o primeiro estado a experimentar essa vacina do laboratório Sinovac. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já autorizou e a fase 3, de testes em humanos, será iniciada na segunda-feira, dia 20. Hoje, o renomado Instituto Butantan abriu as inscrições para nove mil voluntários em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. Antes de vir para o Brasil, a CoronaVac já passou por duas etapas de testes e 90% dos voluntários desenvolveram os anticorpos. São três os cenários para começar a vacinação: otimista a partir de novembro, médio em janeiro de 2021, e no pior cenário a partir de maio poderá imunizar milhões.

Os alemães têm cintura dura para o samba, mas muita tradição na indústria farmacêutica, por isso, também boto fé: a BioNTech, em parceria com a norte-americanada Pfizer, anunciou no começo de julho resultados promissores na fase de testes clínicos em humanos de sua candidata a vacina contra a covid-19.

Nas próximas etapas, os cientistas avaliarão sua eficácia. Testes mais amplos começarão a ser realizados ainda neste trimestre. Mas dizem que a produção inicial irá toda para os Estados Unidos. Além da Pfizer, Curevac é outra empresa alemã que começa testes clínicos para uma vacina. Já tem quatro mil voluntários.

Nos Estados Unidos, quem está otimista é o Pentágono que prevê uma vacina contra a covid-19 até o final do ano. Uma delas pode ser a vacina oral desenvolvida pela empresa de biotecnologia Vaxart, dentro da Operação Warp Speed, que promove imunizadores seguros e efetivos até 2021. E a empresa de biotecnologia Novavax também vai receber US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 8,5 bilhões) do governo dos Estados Unidos para investir na vacina chamada NVX-CoV2373. A expectativa é ter uma fabricação em larga escala e fornecimento de 100 milhões de doses entre o final de 2020 e o começo de 2021.
Se uma delas emplacar até o final do ano, todos poderemos participar dessa “ofegante epidemia que se chama carnaval, carnaval”. Eu prometo que vou providenciar uma fantasia de “sobrevivente de quarentena”, um estandarte do otimismo e, com muita empolgação, desfilar em qualquer ala da Portela! Quando o samba começar, bem vacinado, eu vou sentir meu coração apertado e minha alegria voltar…

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Fonte Segura: Central de Jornalismo

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