Livre Mercado ou a Política: quem cai de joelhos? Por Sérgio Kapron

Por Sérgio Kapron
*Doutor em Economia UFRGS
para o Central de Jornalismo

Ontem nosso ministro mais ultraliberal mercadista produziu uma pérola para ensaios acadêmicos. Mas também para urticárias de seus companheiros de ideologia e negócios. E o seu chefe presidente hoje não ficou para trás. Em pauta os negócios da fronteira tecnológica do 5G, a vacina contra o Covid19, a geopolítica EUA X China e nossas vidas!
Paulo Guedes se esforçou para justificar o “acordo” (ou sabe-se lá o quê), assinado às pressas com altíssimas autoridades sob o mando do Presidente candidato Trump, em que o Brasil dará prioridade à tecnologia 5G das corporações dos EUA. E não das Chinesas! Ele, que está, politicamente, colocando toda a sociedade brasileira submissa aos mercados, se viu obrigado a admitir que todas as implicações econômicas e tecnológicas do 5G para o Brasil não se darão por critérios de mercado, eficiência, competitividade, meritocracia ou outros dogmas liberais mercadistas. Mas sim, pelo alinhamento (ou submissão?!) geopolítico aos EUA. Um critério político!
Já o Presidente correu para des/dizer/mentir (pela enésima vez) um ministro seu. Negou que o país fechou a compra da vacina de uma empresa chinesa, uma das mais avançadas e com capacidade de larga produção. Qual o critério? Alguma convicção política e ideológica sua.
Os dois casos são de grande importância para o (não) desenvolvimento e para saúde de nossa população. Dois temas nada menores. Pois o governo, sem constrangimentos, rasga sua crença no mercadismo que, nada mais nada menos, orienta a política econômica do país e dá sustentação ao próprio governo. A contradição é responsabilidade exclusiva desse governo. Já as consequências …
E o problema não está na decisão política, pelo contrário. E não que esta decisão não tenha sérios problemas e consequências. A questão é que o livre mercadismo fica escancarado como uma crença que serve apenas para justificar as desigualdades econômicas, os interesses dos 1% mais ricos e suas corporações e a boa vida de uns 10%, que tratam de convencer a grande maioria pobre de que a vida é assim mesmo e assim tem que ser. A política e a expressão de maiorias sociais (a tal democracia) são e sempre foram tão ou mais relevantes que os mercados. O que este governo faz é ora usar uma, ora usar outra, para colocar a nação brasileira de joelhos e aceitar o subdesenvolvimento. EUA, as grandes corporações e seus investidores, agradecem!

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Fonte Segura: Central de Jornalismo

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