Preços de alimentos sobem até 81,78% no ano; entenda os motivos

Avanço nos valores para o consumidor ganhou força durante a pandemia de coronavírus


Por Leonardo Vieceli/Gauchazzh
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Central de Jornalismo
24.Nov.2020

Óleo de soja teve principal alta no preço na Grande Porto Alegre
Óleo de soja teve principal alta no preço na Grande Porto Alegre

Mudanças no padrão de consumo, problemas na oferta e maior procura por alguns itens durante a pandemia compõem a receita que gerou disparada de preços na região metropolitana de Porto Alegre. O grupo alimentação e bebidas é o mais impactado e, desde janeiro, o que mais aumentou a mordida no bolso do consumidor.
Até outubro, produtos desse segmento tiveram elevação, em média, de 8,9%, indicam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A marca supera em quase seis vezes o índice geral de inflação, o IPCA, que subiu 1,53% em igual período na região.
Dos 10 produtos que mais avançaram em 2020, nove pertencem ao segmento alimentação e bebidas. A maior elevação na Grande Porto Alegre é a do óleo de soja. De janeiro a outubro, houve disparada de 81,78% no preço. Cebola (69,18%) e arroz (56,01%) aparecem logo em seguida (veja gráficos).

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Depois de alimentação e bebidas, artigos de residência apresentam a segunda maior alta entre os grupos, de 3,57%, também superando o índice geral de inflação.
Dentro desse segmento, que reúne eletrodomésticos e móveis, o destaque é o computador pessoal. De janeiro a outubro, o produto acumulou variação de 29,68%.
Por trás da escalada dos preços está o fato de a pandemia ter estimulado a busca por mercadorias que podem ser consumidas ou usadas dentro de casa. Com a demanda maior, os preços tendem a subir.
Além disso, especialmente no caso dos alimentos, o auxílio emergencial foi um ingrediente adicional para aquecer a procura e provocar subida dos valores nas gôndolas dos supermercados.
Por fim, o dólar em alta incentiva a exportação de commodities, incluindo soja e arroz, o que reduz a quantidade de produtos direcionados ao mercado interno. Ou seja, a menor oferta é outro fator que pressiona os preços para cima.
– Assim como no restante do país, alimentos e artigos para residência têm subido mais. Há uma inflação gerada pelo câmbio. Com o dólar alto, fica mais proveitoso vender para fora do país, o que reduz a oferta no mercado interno. No caso dos alimentos, também houve impacto do auxílio emergencial – pontua o pesquisador Pedro Kislanov, gerente de índices de preços do IBGE.
Economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank entende que parte das mercadorias tende a continuar sob pressão nos próximos meses. Contudo, não vê grandes riscos, de modo geral, à inflação, que permanece em nível controlado até o momento.
– Devemos ter desaceleração nos preços a partir de fevereiro ou, mais provavelmente, março. Estamos vivendo um choque temporário que tende a ser corrigido. À medida que tivermos maior reorganização nas cadeias produtivas, as commodities devem se estabilizar. Além disso, a expectativa é de que o governo deixe de promover medidas como o auxílio emergencial a partir de janeiro – diz Frank.

Passagem aérea e transporte por app em queda
Os dados do IBGE ainda indicam baixa em preços de setores com menor demanda na pandemia. Dos produtos pesquisados entre janeiro e outubro, passagem aérea teve a maior queda, de 51,56%, na Grande Porto Alegre. O cálculo considera voos nacionais com decolagem na capital gaúcha. A segunda maior baixa foi a de transporte por aplicativo: 20,80%.
Na segunda-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro reconheceu e lamentou a alta de preços de alimentos. No entanto, voltou a isentar o governo federal da responsabilidade pelo avanço. A manifestação ocorreu durante conversa com apoiadores, em Brasília.
– O pessoal tem reclamado do preço dos alimentos. Tem subido, sim, além do normal. Lamento isso aí. Também é uma consequência do “fica em casa”. Quase quebraram a economia – afirmou, em crítica ao distanciamento social adotado para frear o coronavírus.

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Fonte Segura: Central de Jornalismo

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