Diário da Quarentena-Já Vencemos!

Por Caco Schmitt

Jornalista, roteirista e diretor. Trabalhou na TV Cultura/SP como diretor e chefe da pauta do jornalismo; diretor na Agência Carta Maior/SP e na Produtora Argumento/SP. Editor de texto no Fantástico, TV Globo/SP. Repórter em vários jornais de Porto Alegre, São Paulo e Brasília.

Dia 255

A alegria voltou às ruas, corajosamente estendendo os cotovelos aos sonhos!
Rostos cobertos – de amor e fé – em luta por dias melhores. Lindo é derrotar medos, desafiar riscos, duelar possibilidades nas esquinas, avenidas, becos e vielas. Já vencemos, quando nas ruas grupos de jovens, homens, mulheres de todas as idades, pretas, brancas, brancos e pretos, lado a lado, dizem: chega! Estamos aqui e vocês não vão continuar destruindo nosso futuro! Chega! Acabou a brincadeira, vocês já enlouqueceram demais, agora nós vamos enlouquecer vocês! Sim, nos aguardem, estamos apenas começando… Já vencemos! Vocês não esperavam a nossa volta às ruas em meio ao caos. A nojenta estratégia de vocês não deu certo; não adiantou fingir ignorar a tragédia mundial: todos nos unimos no possível e ensaiamos o amanhã!
Em toda véspera de batalha, o coração aperta, a insegurança bate à porta e suamos frio, as pernas tremem, o coração acelera, mas nessa véspera só consigo pensar no poetinha Vinícius de Moraes e no seu poema Rosa de Hiroshima: “Pensem nas crianças, mudas, telepáticas/ Pensem nas meninas, cegas, inexatas/Pensem nas mulheres, rotas alteradas”. E por elas já vencemos: nas ruas está o pensamento humanista que nos faz acreditar novamente na palavra futuro. Já vencemos porque, mesmo que não saibamos ainda completamente, estamos construindo hoje o que precisaremos daqui dois anos. É este o prazo que temos para mudar a rota alterada da vida coletiva. É o tempo pra abrir os olhos, romper o silêncio e eliminar o que corrói a esperança.
Já vencemos! E nossa vitória não se medirá pelo número de vitórias das batalhas que somaremos a nosso favor neste domingo. Ela já está na consciência de quem saiu às ruas, de quem ficou resguardado e militando pela internet. Ela mexe com os relutantes e ecoa nos palanques da vida. Já vencemos porque, mesmo que não falemos abertamente, o improvável nos apontou caminhos para corrigir rotas alteradas. E que todos nós que jogamos nossos corações na disputa, especialmente os da linha de frente que correram mais riscos, estamos felizes antes do resultado das urnas. E sabem por quê? PORQUE JÁ VENCEMOS!

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Fonte Segura: Central de Jornalismo

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