Diário da Quarentena-Inaugurada a ponte que caiu do céu

Por Caco Schmitt

Jornalista, roteirista e diretor. Trabalhou na TV Cultura/SP como diretor e chefe da pauta do jornalismo; diretor na Agência Carta Maior/SP e na Produtora Argumento/SP. Editor de texto no Fantástico, TV Globo/SP. Repórter em vários jornais de Porto Alegre, São Paulo e Brasília.

Dia 267

Acompanhei desde cedo a cobertura que a imprensa gaúcha fez da inauguração da chamada “Segunda Ponte do Guaíba”, a maior obra de engenharia no estado desde muito, um complexo de 13 quilômetros de pontes, trevos, acessos, 40 metros de altura sobre as águas, uma reivindicação de 20 anos por onde passarão 50 mil veículos por dia etc. Agora, posso falar: as rádios, sites e televisões fizeram grande cobertura da presença do presidente Bolsonaro, elogiaram, mas omitiram a verdadeira autoria do projeto. Não informaram que foi a presidenta Dilma Rousseff que tirou do papel, garantiu recursos e deu início à obra. O próprio Bolsonaro, no seu discurso, afirmou que estava inaugurando uma obra que ele não começou, mas não teve a dignidade de falar da Dilma, sequer citou o presidente golpista que deu continuidade, depois de usurpar o cargo num um impeachment fraudulento. Um bom jornalismo, o que não é o caso no Rio Grande do Sul de hoje, não esconderia esse fato, ainda mais que Dilma fez sua vida pessoal e política no estado, é quase uma gaúcha. Mas, agora, depois que radialistas da Rádio Gaúcha, de direita, foram execrados pela extrema direita por “defenderem” os criminosos de Criciúma (SC), perderam patrocínio, estão ameaçados de desemprego e andam mais quietinhos que guri que fez arte, todos os jornalistas estão intimidados. Eles já não tinham lá muito clima e liberdade pra criticar esse desgoverno e, agora, estão pisando em ovos gigantes. No Rio Grande o jornalismo está acuado e acovardado, por isso, depois de um longo dia de matérias, entrevistas, vozes e imagens, os gaúchos acham que a maior ponte de sua história caiu do céu…

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Fonte Segura: Central de Jornalismo

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