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Em menos de 12 horas, violência destrói o futuro de duas crianças no Rio

Emilly Sofia, de 3 anos, havia acabado de sair de uma lanchonete. Voltava para casa no carro com os pais, em Anchieta, na Zona Norte do Rio, quando disparos de fuzil feitos por criminosos que queriam roubar o veículo atravessaram a lataria. O casal e a menina foram baleados. Emilly não resistiu. Jeremias, de 13, jogava bola na rua, no Complexo da Maré, também na Zona Norte. Um caveirão da PM, que havia entrado no local em busca de homens que teriam sido sequestrados por traficantes, foi recebido a tiros. A pelada foi interrompida pelo confronto. O menino foi atingido no peito e não chegou vivo ao hospital. No mesmo dia, a violência do Rio roubou o futuro de Emilly e Jeremias.

Enquanto a população assiste a uma escalada de crimes — 2017 registrou o maior número de roubos desde o início da contagem, em 1991 —, o governador Luiz Fernando Pezão reclama “da cobertura cruel que a nossa área de segurança tem aqui”.

— A cidade do Rio não é a cidade mais violenta do país. Mas se a gente vir os nossos noticiários, os nossos jornais, parece que é — disse o governador, na última quinta-feira.

A declaração fez coro a outra, do ministro da Defesa, Raul Jungmann, que, no dia anterior, afirmou haver “um certo masoquismo na divulgação da violência no Rio”. Em julho do ano passado, ao anunciar a criação de um Plano Integrado de Segurança Pública, a dupla prometeu “inteligência e planejamento” no combate à criminalidade no Rio. Ontem, a operação da PM na Maré durou 12 horas e causou o fechamento da Avenida Brasil e das linhas Vermelha e Amarela, três vias expressas pelas quais passam mais de meio milhão de veículos por dia. Até o final do dia, as polícias Civil e Militar não sabiam se o sequestro que motivou a operação que terminou com a morte de Jeremias tinha, de fato, acontecido.

Ontem, Pezão se disse “indignado” com as mortes. Em nota, o governador defendeu a ação da polícia: “Vamos continuar firmes trabalhando incansavelmente na busca da paz que todos nós almejamos”. Em meio às promessas, as crianças do Rio seguem sem o mais básico dos direitos, garantido por lei: o direito à vida.

 

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