Para os que ainda comemoram a ‘farsa’ da revolução de 1964-Por Central de Jornalismo

Por Rodrigo de Paula(Digão)Central de Jornalismo31 de Março de 2021 No dia 07 de janeiro de 1973, a poeta e intelectual paraguaia Soledad Barrett Viedma, foi cruelmente torturada e morta pela Ditadura Militar em Pernambuco, num episódio que ficou conhecido como “Chacina da Chácara de São Bento”. Soledad estava grávida de quatro meses e, mesmo assim, não foi poupada. Ela foi encontrada nua, dentro de um barril numa poça de sangue, tendo aos pés o feto de 4 meses, expelido provavelmente durante as sessões de torturas. A poetisa havia recebido quatro tiros na cabeça e apresentava marcas de algemas nos pulsos e equimoses no olho direito.Deixamos aqui o seu último poema.“Mãe, me entristece te ver assimo olhar quebrado dos teus olhos azul céuem silêncio implorando que eu não parta.Mãe, não sofras se não voltome encontrarás em cada moça do povodeste povo, daquele, daquele outrodo mais próximo, do mais longínquotalvez cruze os mares, as montanhasos cárceres, os céusmas, Mãe, eu te asseguro,que, sim, me encontrarás!no olhar de uma criança felizde um jovem que estudade um camponês em sua terrade um operário em sua fábricado traidor na forcado guerrilheiro em seu postosempre, sempre me encontrarás!Mãe, não fiques triste,tua filha te quer.”Soledad Barrett

Zé de Abreu: “Saí dois dias antes da decretação do AI-5, depois disso ninguém mais saiu

Por Zé de AbreuCentral de Jornalismo31 de março de 2021 Éramos mais de 700 estudantes, presos no Congresso da UNE em Ibiúna. Nosso crime: fazer o congresso. Depois de passarmos quase um mês presos no antigo Presídio Tiradentes, os não paulistas foram mandados para seus estados de origem e nós ficamos. Uma madrugada vieram os milicos. Nos acordaram violentamente, nos colocaram em fila indiana com as mãos na cabeça e levando pontadas de cassetetes nos rins fomos andando até o pátio. Lá, sob ameaças de morte, fomos colocados num ônibus de transporte de presos. Quando perguntávamos para onde estávamos indo riame diziam que não tinha importância porque não voltaría…[19:21, 31/03/2021] Kleber Moraes: Para os que ainda comemoram a ‘farsa’ da revolução de 1964-Por Central de Jornalismo

Desemprego bate recorde e 76,4 milhões de brasileiros acima dos 14 anos estão fora da força de trabalho

No total, 14,3 milhões de brasileiros sofrem com o desemprego, o maior índice da série histórica, iniciada em 2012. Em um ano, número de pessoas que estão fora da força de trabalho cresceu em 10,6 milhões Por Plinio Teodoro/Revista FórumCompartilhado porCentral de Jornalismo31 de março de 2021 Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, diante da inação do governo Jair Bolsonaro, o Brasil bateu novo recorde de desemprego que atingia 14,3 milhões de pessoas no trimestre encerrado em janeiro – 14,2% da população economicamente ativa. É o maior número de desempregados desde o início da série histórica, iniciada em 2012. Embora tenha mantido a estabilidade em relação ao índice registrado no trimestre anterior – que foi de 14,23% -, o crescimento foi de três pontos porcentuais em relação ao mesmo período de 2020, quando a taxa de desemprego era de 11,2% – uma alta de 19,8%. Com o resultado, o Brasil soma atualmente 76,4 milhões de trabalhadores – com mais de 14 anos – fora da força de trabalho. Em um ano, 10,6 milhões de pessoas ficaram fora da força de trabalho. Sem auxílio emergencial, a população desalentada soma 5,9 milhões de pessoas – 5,6% da força de trabalho. Outros 32,4 milhões fazem parte da população com mão de obra subutilizada, que trabalham principalmente com bicos. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (9,8 milhões de pessoas) subiu 3,6% em relação ao trimestre anterior (mais 339 mil pessoas) e caiu 16,0% (menos 1,9 milhão de pessoas) frente a igual trimestre de 2020. A taxa de informalidade foi de 39,7% da população ocupada, ou 34,1 milhões de trabalhadores informais. No trimestre anterior, a taxa havia sido 38,8% e no mesmo trimestre de 2020, 40,7%. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (9,8 milhões de pessoas) subiu 3,6% em relação ao trimestre anterior (mais 339 mil pessoas). Já o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado foi de 29,8 milhões de pessoas, com estabilidade frente ao trimestre anterior e queda de 11,6% frente ao mesmo período de 2020.

Governo vacila e comissão da Câmara convoca ministro da Defesa

Convocações causam desgasteDefesa está no foco políticoBraga Netto dará explicações Por Sérgio Lima/Poder 360Compartilhado porCentral de Jornalismo31 de março de 2021 O presidente Jair Bolsonaro, à esquerda, ao lado do general Walter Braga Netto, que assumirá a Defesadará explicações. A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara aprovou, na manhã desta 4ª feira (31.mar.2021), a convocação do ministro da Defesa para dar explicações ao colegiado. O novo chefe da pasta é o general Walter Braga Netto, que antes comandava a Casa Civil. O requerimento (leia a íntegra em PDF, 132 KB) foi apresentado pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO). A justificação do pedido começa com o seguinte parágrafo: “Fomos surpreendidos ao fazer um levantamento no Painel de Preços do Ministério da Economia, em processos de compras para as Forças Armadas, e detectamos a aquisição de picanha, cerveja, bacalhau, filé e salmão.” Vaz refere-se ao episódio que, antes, motivou pedido do PSB à PGR (Procuradoria Geral da República) para apurar possíveis irregularidades na compra dos produtos em 2020. As compras teriam sido mais caras do que poderiam ser, segundo o pedido de Vaz aprovado nesta 4ª. Receba a newsletter do Poder360 O requerimento original tinha o nome do general Fernando Azevedo e Silva, que deixou a pasta da Defesa na 2ª feira (29.mar.2021). Seu nome foi suprimido na votação, e o documento ficou apenas como convocação do ministro da Defesa. Apesar de o motivo do requerimento ser outro, é certo que os deputados farão perguntas sobre a troca dos comandantes das Forças Armadas. Partidos de oposição acusam Jair Bolsonaro de tentar aparelhar as instituições militares. Quando um ministro é convocado por uma comissão da Câmara, ele não tem a opção de não comparecer. A audiência em que o ministro é ouvido costuma trazer desgaste para o governo federal. O mais comum é que o Executivo mobilize seus congressistas aliados para impedir que esse tipo de requerimento seja aprovado. Nesta 4ª, porém, não houve resistência. A aprovação foi por votação simbólica, possível apenas quando não há discordâncias significativa na comissão. O presidente do colegiado é Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ). Na mesma reunião foi votado um requerimento para convocar outro ministro, Paulo Guedes (Economia). O documento foi transformado em convite para ser aprovado. Convites podem ser rejeitados.

Ulysses Guimarães “Traidor da Constituição é traidor da pátria.Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo

Por Kleber MoraesCentral de Jornalismo31 de março de 2021 A Central de Jornalismo aproveita o dia de hoje, marcado pelo golpe de 1964 e que muitos insistem em comemorar o dia da revolução, mas que para nós foi e será sempre o dia do GOLPE MILITAR sobre a democracia e a república brasileira. O dia que marca o início de uma era tenebrosa e sombria, que perdurou até 1985 com a chegada das eleições diretas,as “Diretas Já“ Manifestamos nosso repúdio a tudo e todos que sequer ousem pensar em manchar a nossa jovem democracia e nossa constituição. Rechaçamos todo e qualquer tipo de autoritarismo que coloque a liberdade de expressão e dos direitos fundamentais no nosso povo. E tomamos emprestadas as palavras de Ulysses Guimarães na Assembleia Nacional Constituinte, em uma sessão solene e histórica do Congresso quando se promulgou a Carta que rege o Brasil até os dias de hoje “Quanto a nova constituição, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca”, declarou o presidente da assembleia. “Traidor da Constituição é traidor da pátria. (…) Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace homens e nações. Principalmente na América Latina.” Viva Ulisses Guimarães, viva o Brasil !

Maria Inês Nassif: A criatura devorou seus criadores, que articulavam para colocar Santos Cruz no Planalto

Bolsonaro: o cavalo de Troia que pode deixar os militares a pé Por Maria Inês Nassif/OutlineCompartilhado porCentral de Jornalismo31 de março de 2021 É falsa a imagem construída de Jair Bolsonaro, de líder popular de extrema-direita que ganhou as eleições e escolheu militares para ocupar a avassaladora maioria das posições de comando de seu governo. Um raciocínio invertido pode tornar muito mais compreensível a crise militar que eclodiu dentro do gabinete do presidente-capitão, com a demissão do ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo e Silva. Na verdade, a história recente dá precedência aos generais na tomada do poder civil. Eles foram os criadores. Bolsonaro, a criatura. Generais da ativa da mesma geração atuaram em conjunto para viabilizar o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e ascenderam ao poder em 2018 por meio de uma campanha ganha com destruição de reputações, fake news da pior espécie e pressão direta sobre o Supremo Tribunal Federal. Some-se a isso um duvidoso atentado contra o candidato apoiado por eles, que virou a eleição quando o petista Fernando Haddad ascendia nas pesquisas. A vitória do capitão não foi simplesmente produto da sua popularidade ou de uma ofensiva bem-sucedida da extrema-direita, mas um verdadeiro trabalho de contrainformação, especialidade de uma geração de generais formada nos anos 70, quando a corporação moldou jovens militares a uma ideologia anticomunista exacerbada e fanática. Esse contingente foi centralmente treinado no combate à guerrilha e na repressão política, segundo explicação do coronel da reserva Marcelo Pimentel em entrevista ao podcast Roteirices, veiculada nos dias 17, 18 e 19 de março (acessível pelo Spotify). O coronel Brilhante Ustra não os envergonha, mas é uma referência ideológica para eles. Na expressão feliz do coronel reformado, Bolsonaro foi o cavalo de Troia que, na sua barriga, trouxe o Exército para a Esplanada dos Ministérios e permitiu à corporação capturar o poder civil. Agora, diz o coronel, Bolsonaro tornou-se o incômodo, o “espantalho” daqueles que articularam sua candidatura dentro dos quartéis. Bolsonaro não seria eleito sem os militares. A alta hierarquia militar empreendeu uma “guerra híbrida” para radicalizar a sociedade civil, tirar Lula do páreo nas eleições de 2018 e conseguir o número de votos necessário para colocar na Presidência um deputado fascista que, após 27 anos como deputado federal integrando o mais duvidoso baixo clero, foi vendido ao eleitorado como o inaugurador de uma “nova política”, que se mostra com uma qualidade também pra lá de duvidosa. O que não deu certo na articulação militar foi o cálculo de que poderiam dominar Bolsonaro. Os governos de inspiração fascista historicamente giram em torno de um líder com apelo popular que seja capaz de arregimentar adeptos civis, de preferência no lumpesinato (a parcela dos rejeitados por suas próprias classes e uma massa de manobra passível de engrossar milícias armadas). Essa massa de desajustados sociais (isso tem pouco a ver com riqueza ou pobreza) é mais susceptível à adesão incondicional a um líder com a cara deles. Bolsonaro era o substrato do pó de traque da política tradicional; no Congresso, pertencia ao baixo clero, cuja importância é apenas o voto individual do parlamentar, que o negocia por pequenos favores. Não seria um exagero dizer que Bolsonaro ascendeu de uma espécie de lumpesinato parlamentar, grupo engrossado enormemente nas eleições de 2018. Os deputados do baixo clero são carne de sua carne. Bolsonaro também não fugiu ao figurino do líder fascista quando submetido a um exame psicológico. Seu extremismo é alimentado por característica de personalidade também extremas: carrega um alto grau de paranoia, que exacerba sua ignorância sobre governar e dificulta o entendimento das consequências de suas decisões voluntariosas. Bolsonaro é, decididamente, paranoico e voluntarioso. O general Fernando Azevedo e Silva deve a isso a sua demissão. O presidente é paranoico o suficiente para perceber que estava em andamento uma articulação militar para livrar-se dele sem sair do governo. O primeiro objetivo era (e ainda continua) dissociar a imagem do Exército do genocídio cometido contra a população civil, levada a termo por decisões tomadas por Bolsonaro, mas executada por um militar da ativa, sem que o Partido Militar esboçasse a mínima reação contrária; e de uma administração desastrosa do país, governado majoritariamente por oficiais do Exército. A operação, segundo o coronel Marcelo Pimentel, é bastante similar à que se iniciou antes do governo Dilma e levou Bolsonaro ao poder: uma parte do grupo fica no governo; a outra sai e encena a dissidência. Ambos se unem no momento seguinte, com um governo eleito por eles. A operação militar em curso vazou notícias de uma dissidência entre os que permaneceram e os que saíram do governo e simultaneamente, todos unidos, a articulação de uma “terceira via” como alternativa a Bolsonaro em 2022, de preferência uma opção entre eles: o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que foi demitido da Secretaria de Governo e tornou-se um militante opositor do governo nas redes sociais. Essa seria uma opção de manter o controle sobre a sociedade civil sem lançar mão de intermediários. A designação “terceira via” acena para a direita não extremista. O golpe de mão desferido por Bolsonaro nos seus condôminos de poder, ao demitir o ministro da Defesa, é um recado muito claro a eles. Os militares ficam no governo se submeterem-se aos seus desígnios, inclusive, se ele quiser, usando a força contra a população civil. Se não, ele faz isso com as polícias, onde tem uma enorme popularidade junto à tropa, e com milícias armadas. A criatura devorou seus criadores. E ambos devoram a sociedade civil.

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