Por Fernando Brito/Tijolaço
Compartilhado por
Central de Jornalismo
14 de junho de 2021
Ainda que com todas as ressalvas impostas pelo Ministro Ricardo Levandowski sobre o sigilo em que devem ser mantidos os produtos da quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico e, sobre tudo, telemático (mensagens em aplicativos de mensagens), daqui a alguns dias a opinião pública será bombardeada pelos mais esdrúxulos diálogos dos ex-ministros Ernesto Araújo, Eduardo Pazuello, do ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngartem e da médica Mayra Pinheiro, a secretária do Ministério da Saúde conhecida como “Capitã Cloroquina”.
Acessados por 11 titulares e sete suplentes, além de assessores da relatoria – senão também por outros auxiliares – é impossível que se mantenham em segredo os diálogos – deixo à imaginação dos leitores.
Esqueçam os “grampos”: este é o governo onde as indiscrições e abusos não se falam, escrevem-se no Zap.
Escrevem e, mais que ninguém, escreve o presidente da República, sobretudo àqueles que considera “seus”, como os dois ex-ministros.
O “um manda, o outro obedece”, provavelmente, ganhará outras versões explicitas e os casos de atirar no que se viu acertarão muito do não-visto.
É inevitável a “Vaza Vírus”.
Se até nos telegramas diplomáticos isso já está acontecendo, como o registro diplomático de que Benjamin Netanyahu, o primeiro ministro de Israel solicitava uma troca de apoios entre Brasil e Israel, um vez que ele via possibilidade de que Bolsonaro se enrolasse com o genocídio de indígenas no Tribunal Penal Internacional, imagine no “tamo junto” das mensagens de telefone.
Três ou quatro frases canhestras são o suficiente para manchetes e só não causarão constrangimento porque Jair Bolsonaro não se constrange com nada, ainda mais quando Artur Lira, na presidência da Câmara não sai de cima de uma montanha de pedidos de impeachment que já tem quase a altura do Congresso.
Junte isso à inevitável elevação do número de mortes, porque voltarmos ao pico de pacientes em leitos de terapia intensiva torna inexorável que o número de mortes logo volte aos picos de abril e o segundo protesto nacional contra Bolsonaro, no próximo sábado, com todas as condições de ser maior do que o de 29 de maio.