Por Caco Schmitt
Jornalista, roteirista e diretor. Trabalhou na TV Cultura/SP como diretor e chefe da pauta do jornalismo; diretor na Agência Carta Maior/SP e na Produtora Argumento/SP. Editor de texto no Fantástico, TV Globo/SP. Repórter em vários jornais de Porto Alegre, São Paulo e Brasília.
Praticamente com a mesma população – Brasil 217 milhões e países da América Latina 221 milhões de habitantes –, o gigante verde amarelo tem o dobro de mortes da covid-19. Hoje, o Ministério da Saúde do Brasil registra oficialmente 5.901 mortes (apesar do site worldometers, que acompanha on line a pandemia, às 18h, contabilizar 6.019 mortes). E os demais países do continente, juntos, têm 2.775 mortes pelo coronavírus. E qual a razão? O psicopata bufão presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu a pista na última terça-feira, dia 28. Disse: “o Brasil está tendo um grande surto. Eles foram por um caminho diferente do da América do Sul. Quando você olha os gráficos, infelizmente percebe o que está acontecendo no Brasil”. E o que está acontecendo no Brasil, que Trump não explicitou, começa por termos na presidência outro psicopata bufão que é contra o distanciamento social e faz de tudo pra derrubar as medidas adotadas pelos governadores. O que está acontecendo é que nosso psicopata bufão é sádico. E como todo psicopata tem um comportamento antissocial, não tem sentimentos nem empatia com seu povo, por isso ironiza a morte de milhares de pessoas. Diz: “eu não sou coveiro” e sobre as seis mil mortes, ironiza: “E daí? Eu sou Messias, mas não faço milagres!” Seus ministros covardes e submissos seguem a mesma linha desastrosa, assim como a plateia de seu palquinho de sempre na saída do Palácio da Alvorada.
Trump disse aos jornalistas: “Estamos olhando para isso muito de perto, estamos monitorando a situação”. Pra explicar o que os serviços de inteligência norte-americanos detectaram no Brasil e na América Latina, pesquisei os números da covid-19 e como os governantes estão enfrentando a epidemia em seus países. Destaco dois: Argentina e Venezuela, onde os presidentes levam a sério e defendem a vida de seu povo. A Venezuela foi a pioneira em adotar a quarentena no continente, levou a sério a pandemia. Segundo matéria de Michele de Mello (Brasil de Fato 27/04), tem menos contágio: 323 casos e dez mortes (para uma população de 33,2 milhões de habitantes). Eles já fizeram 423 mil provas de diagnóstico da covid-19 porque a China mandou kits pra eles, afinal a Venezuela não tem ministro que faz piadinha racista contra os chineses, nem filho de presidente que inventa conspiração comunista. O país dribla o bloqueio internacional com ajuda de China e Rússia, que enviam equipamentos de segurança e medicamentos. E com médicos cubanos, que reforçam o atendimento à população. Por isso, depois de 42 dias em quarentena nacional, o governo decidiu flexibilizar algumas medidas de isolamento social. Famílias foram autorizadas a passear com as crianças no domingo e, na segunda-feira, os idosos. Essa medida será repetida nos dias 2 e 3 de maio, mas a quarentena geral segue até 14 de maio. O governo determina, diz que é sério, e o povo acata e não se contamina.
Na Argentina, o isolamento social e o fechamento de fronteiras seguem até o dia 10 de maio. O presidente Alberto Fernández decretou a 20 de março quarentena preventiva e obrigatória para os 44 milhões de argentinos. Proibiu a circulação nas ruas sem autorização. Desde o início da pandemia, determinou medidas duras para controlar a propagação do vírus. Saídas só para a farmácia e o supermercado. Deixar a casa só com autorização e documento que prove as razões. Ninguém vai ao shopping, feiras ou mercados. Os parques seguem proibidos e a polícia fiscaliza. Por isso, com menos de 4.400 casos, é um dos melhores países no enfrentamento da epidemia. Segundo Carla Aranha (Exame 29/04), “o governo não cedeu à pressão de entidades de classe e grupos empresariais para reativar a economia antes do tempo”. Agora, a Argentina começa um relaxamento lento em pelo menos três fases. O sucesso argentino se deve a lideranças que amam seu povo, como o presidente Fernández que diz preferir “ter 10% mais de pobres e não 100 mil mortos na Argentina por conta do coronavírus. Da morte não se volta, mas a economia se recupera”.
DADOS DE HOJE DA COVID-19 NO BRASIL: 85.380 casos e 5.901 mortes. Ontem, o quadro apontava 78.162 casos e 5.466 mortes. De um dia para o outro são 7.218 novos casos (crescimento de 9,2%) e 435 mortes a mais (crescimento de 7,9 %)
Fonte: Painel Coronavírus Ministério da Saúde 16h40min
Pra efeito de ilustração, nada científico, abaixo as mortes pela covid-19 nos 11 países latinos com as mortes relacionadas com os 11 estados brasileiros mais atingidos até o momento. O Peru segue o país latino com maior número: 1.051 mortes, e São Paulo o estado brasileiro com mais mortes: