Um levantamento realizado pela Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que, no primeiro semestre de 2024, 742.389 beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) solicitaram o cancelamento de descontos associativos em seus benefícios.
Esses descontos, aplicados sem consentimento prévio, motivaram uma operação da Polícia Federal na semana passada, que investiga suspeitas de fraudes cadastrais ocorridas entre 2019 e 2024, com prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões. As denúncias foram registradas nos canais de atendimento do INSS.
Em 709 mil casos — o que representa 95,6% do total — os aposentados afirmaram não ter autorizado os descontos feitos diretamente na folha por associações.
Como consequência, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado na quarta-feira (23). Já no sábado (26), uma reportagem exclusiva do Jornal Nacional revelou que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, havia sido informado sobre as irregularidades dez meses antes de o governo agir para conter as fraudes.
As reclamações se concentraram nas 11 associações que foram suspensas pela Justiça após a operação da PF. Outras 12 entidades também acumularam, cada uma, ao menos mil queixas no período analisado.
No total, essas associações somavam 6,54 milhões de beneficiários com algum tipo de desconto em folha, embora ainda não seja possível determinar quantos foram, de fato, vítimas de fraude.
Em julho de 2024, a CGU encaminhou ao INSS — então sob a presidência de Stefanutto — documentos e dados de uma auditoria, solicitando a suspensão dos repasses de mensalidades a oito associações. Nenhuma ação foi adotada na época.
O relatório da CGU foi fundamental para embasar a operação conjunta com a Polícia Federal e respaldar a decisão judicial que determinou o bloqueio dos descontos praticados por essas entidades.