Ações de deputados bolsonaristas do PL geraram desconforto na legenda em meio ao anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos. Durante uma entrevista coletiva na Câmara, dois integrantes do partido, Delegado Caveira (PL‑PA) e Sargento Fahur (PSD‑PR), exibiram uma bandeira com o lema de campanha “Make America Great Again”, símbolo do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
A iniciativa irritou parte da direção do PL, que reclama que a atitude desviou o foco da manifestação — originalmente voltada à critica à decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos‑PB), de suspender as atividades de comissões durante o recesso entre 22 de julho e 1° de agosto.
Pressão para evitar exposição desnecessária
Líderes do partido, como Domingos Sávio (PL‑MG) e Sóstenes Cavalcante (PL‑RJ), pediram respeito ao ambiente da Câmara. Cavalcante classificou o uso da bandeira como inoportuno, já que o protesto se destinava a questionar o “cerceamento da oposição” por Motta. Outro deputado envolvido, Paulo Bilynskyj (PL‑SP), pediu que o objeto fosse guardado, afirmando que a reunião tinha outro propósito.
Além disso, a presença de uma placa com o nome de Jair Bolsonaro causou incômodo, o que levou o deputado General Pazuello a solicitar sua retirada, argumentando que não havia espaço para tantos símbolos.
Eduardo Bolsonaro na mira da cúpula
O clima no PL ficou ainda mais tenso por conta das atitudes de Eduardo Bolsonaro (PL‑SP), que tem defendido publicamente as tarifas impostas pelos EUA e intensificado ataques ao Supremo Tribunal Federal. A ala pragmática da legenda atribui à postura dele parte da crise interna, já que associa o apoio automático à bandeira de Trump a “subserviência a interesses externos”.
Lideranças governistas entendem que os gestos exagerados — como o apoio às tarifas de Trump e o discurso agressivo contra o STF — afetam a imagem institucional do partido, sobretudo às vésperas de uma estratégia política para mitigar os impactos do “tarifaço” e evitar desgaste nas eleições de 2026.
Contexto do “tarifaço” e reação oficial
Os EUA anunciaram tarifas de 50% sobre exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. O governo Lula denunciou a cobrança como chantagem política e prepara resposta via OMC, além de avaliar medidas retaliatórias por meio da Lei de Reciprocidade Econômica.
Na retórica presidencial, trata-se de um ataque à soberania nacional, com o presidente Lula afirmando que o Brasil não será “submisso” a pressões externas.