Marina Silva recebe apoio de políticos de diversos partidos após ataque misógino no senado.

A audiência pública realizada na última terça-feira (27) na Comissão de Infraestrutura do Senado, que tratava de políticas ambientais, foi marcada por um grave episódio de desrespeito à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Após falas agressivas e misóginas dos senadores Marcos Rogério (PL-RO) e Plínio Valério (PSDB-AM), a ministra optou por se retirar do plenário. A decisão gerou uma onda de solidariedade de parlamentares e autoridades de diversos partidos e espectros políticos.

O presidente da Comissão, senador Marcos Rogério, dirigiu-se à ministra com frases como “ponha-se no seu lugar”, enquanto Plínio Valério afirmou que respeitava a mulher, mas não a ministra, numa tentativa de deslegitimar Marina em seu cargo. Em resposta, Marina afirmou que não se intimidaria: “Me senti agredida, mas não intimidada. Eles esperavam que eu me resignasse, que eu me calasse. Mas minha missão é defender a agenda ambiental e o respeito institucional”, declarou em entrevista à CNN

A atitude da ministra foi amplamente respaldada. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou para Marina, manifestando apoio e dizendo que ela estava certa em deixar o espaço. Mas os gestos de solidariedade vieram de muito além do governo.

Senadores e deputados de diferentes partidos repudiaram o ocorrido. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que já presidiu a CPI das Fake News, classificou as falas como “inadmissíveis” e alertou para o risco da normalização da violência política de gênero. O senador Fabiano Contarato (PT-ES), que presenciou a sessão, disse que a postura dos colegas “envergonha o Parlamento”.

A senadora Teresa Leitão (PT-PE) ressaltou que esse tipo de comportamento contra mulheres em posições de poder é recorrente, e deve ser combatido com firmeza. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), também condenou o episódio, assim como o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), que classificou os ataques como “flagrantes de misoginia”.

Na Câmara, parlamentares como a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) e a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) também se manifestaram nas redes sociais em defesa de Marina, afirmando que é preciso colocar um fim à cultura do silenciamento contra mulheres no espaço público.

Além de parlamentares, ministros do governo federal como Fernando Haddad (Fazenda) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas) demonstraram solidariedade. A presidenta do STF, ministra Rosa Weber, ainda que sem mencionar diretamente o caso, defendeu a necessidade de respeito à participação feminina nos espaços de poder em discurso no mesmo dia.

Organizações da sociedade civil, ambientalistas, ativistas e coletivos feministas também se posicionaram, lembrando que a violência política de gênero, especialmente contra mulheres negras como Marina Silva, segue sendo um dos maiores obstáculos à democracia plena no país.

O episódio reacende o debate sobre os limites do discurso político, a banalização do desrespeito às mulheres e o urgente fortalecimento de uma cultura institucional baseada no diálogo e na civilidade. Marina Silva, referência internacional na agenda climática, mais uma vez se vê no centro de uma batalha que vai além do meio ambiente: a do respeito e da igualdade no espaço público.

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