Brasília, Rio de Janeiro — Milhares de pessoas saíram às ruas neste domingo (21/09) em diversas cidades brasileiras para protestar contra a PEC da Blindagem e o PL da Anistia, propostas que, segundo críticos, ameaçam a democracia e abrem caminho para impunidade. Ao menos 30 cidades registraram atos, incluindo todas as capitais do país, com forte presença de partidos de esquerda, organizações civis, movimentos sociais e cidadãos comuns.
No Rio de Janeiro, a manifestação concentrou-se na orla de Copacabana, reunindo cerca de 41,8 mil pessoas, segundo dados do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP. O ato contou com apresentações de grandes nomes da música brasileira, como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Paulinho da Viola e Djavan, que subiram ao palco para reforçar a mensagem de defesa da democracia e da justiça. Jovens, adultos e aposentados participaram de forma ativa, exibindo cartazes e faixas com mensagens contrárias à impunidade e à redução de mecanismos de controle institucional.
Em Brasília, os manifestantes se concentraram na Esplanada dos Ministérios, com discursos de representantes de organizações sociais, parlamentares de oposição e líderes estudantis. Em Salvador, o ato aconteceu na Barra, reunindo milhares de pessoas, enquanto em Belo Horizonte a concentração foi na Praça Raul Soares. Já em São Paulo, ocorreu na Avenida Paulista e contou com mais de 42 mil pessoas. Em João Pessoa, além de manifestantes, a mobilização criticou diretamente o presidente da Câmara, Hugo Motta, por sua atuação em relação ao PL da Anistia.
Os organizadores destacam que a PEC da Blindagem torna praticamente impossível abrir processos contra deputados e senadores sem aprovação prévia do Congresso, por maioria absoluta, o que, na visão deles, reduz a responsabilização de agentes públicos e fragiliza o sistema de freios e contrapesos. Já o PL da Anistia visa beneficiar pessoas condenadas ou investigadas por atos relacionados à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro, incluindo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, e é criticado por representar um risco de impunidade e retrocesso institucional.
Os protestos contaram com uma ampla mobilização cultural, com shows e performances que reforçaram a mensagem de defesa da democracia, da justiça e da transparência. Além dos artistas citados, participações de nomes como Maria Gadú, Marina Sena e Fernanda Takai foram registradas em diferentes cidades, reforçando a adesão popular.
No campo político, parlamentares da base do governo e de partidos de esquerda participaram ativamente das manifestações, destacando a importância de barrar os projetos no Congresso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que vetaria qualquer projeto de anistia que chegasse à sua mesa e criticou a PEC da Blindagem, afirmando que “não é uma medida séria e compromete a confiança nas instituições”.
Especialistas em direito e política afirmam que, caso aprovados, os projetos podem abrir precedentes para a redução da responsabilização de agentes públicos e para a flexibilização de normas jurídicas que garantem transparência e justiça. Organizações civis reforçam que a mobilização popular é fundamental para pressionar o Congresso a rejeitar as propostas.
A magnitude das manifestações e a adesão de artistas, jovens e trabalhadores demonstram que o descontentamento popular é amplo. A expectativa é de que a mobilização continue caso os projetos avancem na Câmara e no Senado, mantendo a pressão social sobre parlamentares e reforçando o debate público sobre democracia, impunidade e controle institucional no Brasil.




