Ainda em depoimento, o ex-ministro da Justiça também disse que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), era “normalmente” relacionado à estrutura paralela
Por Isadora Peron/Luísa Martins. Valor Investe
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Central de Jornalismo
20 de junho de 2021
Em depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-ministro da Justiça Sergio Moro afirmou que tomou conhecimento, quando estava no governo, da existência do chamado “gabinete do ódio”, estrutura montada com a finalidade de produzir conteúdo para atacar adversários do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais.
A oitiva aconteceu em novembro do ano passado, no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos. Nesta segunda-feira, após a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedir o arquivamento da investigação, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu retirar o sigilo dos autos.
Segundo Moro, “várias pessoas de diversas funções dentro do governo federal”, incluindo ministros, comentavam sobre a existência do gabinete e que o nome de um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), assim como o do assessor Tercio Arnaud, eram “normalmente” relacionados à estrutura paralela.
O ex-ministro também voltou a afirmar que virou alvo do “gabinete do ódio” quando decidiu deixar o governo. Moro pediu demissão em abril do ano passado e acusou o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal para impedir o prosseguimento de investigações contra familiares e amigos.
O ex-juiz federal, no entanto, disse que não tinha informação sobre a participação de integrantes do governo na organização das manifestações que pediam o fechamento do Supremo e do Congresso. Ele afirmou ter conhecimento de uma “animosidade” entre Bolsonaro e o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados à época.
Segundo o ex-ministro, ele sabia que Maia sofria ataques nas redes sociais, mas não poderia precisar se essa ofensiva partia de dentro do governo. Segundo Moro, “melhores esclarecimentos” sobre o assunto poderiam ser prestados pelos ministros que atuavam dentro do Palácio do Planalto, como o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.