Provas frágeis do caso Marielle alimentam dúvidas sobre Irmãos Brazão

A persistente sombra da dúvida paira sobre o caso Marielle Franco, mesmo após a acusação direcionada aos irmãos Brazão, fundamentada na delação premiada de Ronnie Lessa. A fragilidade intrínseca da delação, desprovida de provas materiais mais robustas que a sustentem, evoca a necessidade de uma análise mais aprofundada do arcabouço probatório.

O princípio da presunção de inocência, pilar fundamental do sistema jurídico brasileiro, exige que a culpa do acusado seja comprovada de forma inequívoca, mediante a apresentação de provas convincentes. A mera palavra de um criminoso confesso, desacompanhada de elementos corroboradores, não pode servir como base para a condenação de um indivíduo.

No caso em questão, a delação de Ronnie Lessa apresenta-se como um castelo de areia, erguido sobre fundamentos instáveis e vulneráveis à força das ondas da dúvida. A ausência de registros de encontros entre Lessa e os irmãos Brazão, bem como a inexistência de evidências de transações financeiras ou de qualquer outro tipo de benefício concedido ou recebido pelo assassino, minam a credibilidade da delação.

Ademais, a possibilidade de Lessa ter incriminado os Brazão com o intuito de blindar outros indivíduos envolvidos no crime não pode ser descartada.

Em contrapartida, as suspeitas que gravitam em torno da família Bolsonaro, notadamente Carlos Bolsonaro, adquirem força e consistência à medida que os elementos são apresentados.

O depoimento do porteiro do Vivendas da Barra, afirmando que Élcio de Queiroz, motorista do veículo utilizado no crime, teria se dirigido à residência de Jair Bolsonaro, suscita interrogações sobre o paradeiro do então deputado no momento do crime. Embora Bolsonaro alegue ter estado em Brasília, a possibilidade de transferência de chamadas telefônicas para aparelhos celulares, inerente ao sistema de portaria do condomínio, lança sombras sobre seu álibi.

As ações de Carlos Bolsonaro no dia do assassinato de Marielle também alimentam as suspeitas. A remoção do equipamento de gravação da cabine de segurança do condomínio, registrada em vídeo, sugere a possibilidade de adulteração de provas, conduta tipificada como crime no ordenamento jurídico brasileiro. A sincronia entre a saída de Carlos Bolsonaro do Vivendas da Barra e a partida dos executores do crime em direção ao local do homicídio é uma coincidência temporal e espacial que não pode ser ignorada pelas autoridades.

É bom lembra que a própria delação de Ronnie Lessa apresentou diversas contradições ao longo das investigações e que a negativa do então interventor federal, General Braga Neto, em divulgar a identidade do mandante do crime, alegando conhecimento prévio, reforça a suspeita de um esquema para acobertar os verdadeiros culpados.

Diante do nebuloso cenário probatório, marcado por fragilidades, contradições e lacunas, a defesa da inocência dos irmãos Brazão, encampada por Washington Quaquá, encontra respaldo em elementos concretos extraídos das investigações.

A busca pela justiça no caso Marielle Franco exige uma apuração isenta e imparcial, livre de amarras a delações inconsistentes e a narrativas preconcebidas.

O sistema de justiça deve garantir aos Brazãos a presunção de inocência e evitar repetir o erro do qual foi vítima o próprio presidente Lula alvo do lawfare amplamente encapado pela mídia.

A responsabilização de todos os envolvidos, independentemente de sua posição social ou influência política, é essencial para que a memória de Marielle Franco e Anderson Gomes seja honrada e para que a sociedade brasileira possa trilhar o caminho da justiça e da verdade.

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