O Supremo Tribunal Federal (STF) vai dar início nesta segunda-feira, 9 de junho de 2025, à fase de interrogatórios dos oito principais réus acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado articulada em 2022. A audiência, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, marca o encerramento da fase de instrução do processo e ocorre na sala da Primeira Turma, com transmissão ao vivo pela TV Justiça e pelo canal oficial do STF no YouTube.
O primeiro a ser ouvido foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e delator da trama, cuja colaboração premiada é considerada central nas investigações. Ao longo da semana, deverão prestar depoimento o deputado Alexandre Ramagem, os ex-ministros Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto (este último por videoconferência, por estar preso), além do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-comandante da Marinha Almir Garnier. As sessões seguem até a próxima sexta-feira, 13 de junho, com início às 9h, exceto na quarta-feira, quando começam às 8h.
Os réus respondem por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Alexandre Ramagem, por ser deputado federal, responde por três das cinco acusações. Todos têm o direito constitucional de permanecer em silêncio durante o interrogatório, conforme garantido pelo artigo 5º da Constituição.
Com 52 testemunhas já ouvidas entre maio e o início de junho, os interrogatórios encerram a fase de coleta de provas. Após essa etapa, Moraes deve abrir prazo para as alegações finais da defesa e do Ministério Público. A expectativa é de que o julgamento em plenário ocorra ainda neste ano, com potencial para redefinir o cenário político nacional às vésperas das eleições municipais e da reorganização das forças da direita.
Além do conteúdo das falas, o comportamento dos réus — especialmente de Bolsonaro e seus ex-ministros — poderá influenciar a condução do julgamento. Advogados avaliam que essa é a última oportunidade de tentar desmontar as teses da acusação ou, ao menos, individualizar condutas. As penas, em caso de condenação, podem ultrapassar 30 anos de prisão.
Com os olhos do país voltados para o Supremo, os interrogatórios da semana prometem não apenas avançar na responsabilização dos envolvidos, mas também marcar um novo capítulo na luta institucional contra o autoritarismo e em defesa da democracia brasileira.