Nem Trump e taxa de R$ 77 mil inibem imigrantes ilegais brasileiros

A procura continua a mesma, inclusive por parte de famílias com filhos pequenos, que continuarão a ser separados dos pais em caso de prisão. A política migratória de tolerância zero do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vigorou em maio e junho e separou crianças dos pais, não inibiu brasileiros de atravessarem ilegalmente a fronteira americana. A procura continua a mesma, inclusive por parte de famílias com filhos pequenos, afirma um coiote que há mais de 20 anos leva imigrantes da região de Governador Valadares (MG) para os EUA. Marcelo (nome fictício), 50, aceitou contar detalhes do esquema à reportagem com a condição de que sua identidade não fosse revelada. Ele enviou gravações de áudio e vídeos que, diz, são de pessoas que conseguiram chegar aos EUA após contratarem seus serviços. De acordo com dados divulgados na quarta (8) pela Patrulha da Fronteira dos EUA, o número de famílias de imigrantes detidas na divisa com o México teve uma queda discreta, de 2%, de junho para julho: foi de 9.434 para 9.258. Marcelo diz cobrar US$ 20 mil (R$ 77 mil) de cada emigrante -isso para os que “não dão trabalho”. “Se ele for mais lento, tiver dificuldade de entender as orientações, já sei que vai me dar dor de cabeça, aí cobro US$ 22 mil.” Segundo ele, o dinheiro fica com algum familiar no Brasil e o acerto só é feito na chegada ao outro lado da fronteira. A travessia -que pode ser realizada por rio, mata, um túnel ou mesmo pelo próprio muro fronteiriço que existe em boa parte da divisa entre os dois países e que Donald Trump quer ampliar– envolve pagar propina a agentes em diversos pontos, afirma. Em média, o coiote diz levar 20 pessoas por mês, mas ele estima que há cerca de 80 conterrâneos que fazem o mesmo, muitos enviando até 50 migrantes no mesmo período. “Sou um lambari no meio de tubarões. Eu trabalho pouco, porque minha família implica. Escondo mais da família do que da imigração”, diz ele, que foi preso três vezes no Brasil e deportado oito vezes dos EUA por exercer a atividade. Enquanto esteve em vigor a separação de famílias pela política de Trump, com os pais mandados a prisões federais e os filhos a abrigos para menores, três mães enviadas por Marcelo foram presas em lugares diferentes dos filhos. Uma delas ficou mais de um mês longe da filha de cinco anos. “Mas todos já se reuniram e estão lá, trabalhando.” Segundo ele, mesmo nesse período houve famílias que entraram no país incólumes. “Um informante avisava quando o abrigo para menores ficava lotado. Aí eles aproveitavam para cair [passar].” Na época, cerca de 3.000 menores foram separados dos responsáveis. Apesar da ordem de um juiz federal para que as famílias sejam reunidas, mais de 500 crianças ainda não foram devolvidas (os 52 menores brasileiros apartados já foram entregues). Especialistas alertam que a experiência deixa traumas nas crianças. Atualmente, a política linha-dura está suspensa. Marcelo afirma que, com o fim da tolerância zero, as famílias com crianças que ele envia para os EUA recorrem a um método conhecido: se entregam à patrulha da fronteira e pedem asilo. Nesse caso, o valor pago ao coiote cai pela metade. “Pais com crianças têm mais chance de entrar. É uma viagem mais fácil”, alega. Ele admite que há casos de crianças desacompanhadas que se passam por filhas de outro adulto. “Se eu estou com um menor desacompanhado e meu colega [outro coiote] tem um adulto sem filhos, ele paga US$ 2.000 (R$ 7.700) para o menor ir como filho dele.” Segundo Marcelo, a primeira etapa é ir de avião até a Cidade do México. Lá, agentes de imigração cobram US$ 1.000 (R$ 3.800) por passageiro para permitir o ingresso. “Temos um contato no aeroporto em todos os turnos. Mandamos as fotos de cada passageiro nosso, dizemos como vão vestidos. Se não fizermos isso, eles voltam”, relata. Os brasileiros vão até uma cidade mexicana na fronteira, de ônibus ou em voos domésticos. Nesse último caso, é preciso pagar propina a um policial no aeroporto -US$ 100 (R$ 386) por pessoa. Como é feita a travessia depende “do preparo físico do passageiro”. Os mais resistentes pagam US$ 5.000 (R$ 19,3 mil) para caminhar 10 km pela mata. Pelo mesmo valor, é possível percorrer, em boias, um rio que leva aos EUA. Também há a opção de pular o muro na própria fronteira. “A gente tem uma pessoa que avisa quando é troca de turno dos guardas. Aí eles usam uma escada de corda, que vai de um lado a outro, atravessam e vão embora. Dá tempo, mas tem que ser uma pessoa que aguenta correr.” Obesos, deficientes, grávidas e idosos têm a alternativa superluxo, como classifica Marcelo: um caminho de dez minutos dentro de um túnel que desemboca em uma fazenda nos EUA. O preço cobrado pelos mexicanos somente por esse trajeto (US$ 10 mil, R$ 38 mil) é o dobro. Uma vez nos EUA é preciso passar por um posto de imigração na estrada. Marcelo diz que os imigrantes são colocados em carros ou caminhões com fundos falsos -muitos são descobertos assim, conforme mostram fotos frequentemente divulgadas pela polícia migratória. Até um veículo dos correios é usado: “A pessoa vai embaixo dos malotes, quietinha. Atravessou o pedágio, está livre”. Segundo ele, cerca de 10% dos brasileiros que o contratam são pegos pela polícia. Nesse caso, ele diz que tem uma rede de advogados para tentar soltar a pessoa sob fiança enquanto corre o processo. “[Nos anos] até que termine o julgamento, mesmo que ela seja deportada, ela já juntou o dinheiro que precisava.” Marcelo diz que já entrou 35 vezes nos EUA sem ser pego e morou 12 anos lá. Nas vezes em que foi preso, pensou em desistir de ser coiote, mas voltou à atividade ilegal. “Com o dólar chegando a R$ 4, a tentação é muita. Já trabalhei numa empreiteira pegando pesado e ganhando um salário-mínimo. Não aguentei nem

Estudantes desocupam reitoria da UnB depois de 19 dias

Vistoria será feita no local e os alunos comprometeram-se a restaurar eventuais danos ao patrimônio decorrentes da ocupação Depois de 19 dias de ocupação, estudantes deixaram na manhã de hoje (30) a reitoria da Universidade de Brasília (UnB). A saída foi negociada com a administração da UnB e o movimento de estudantil. O acordo foi articulado, no fim de semana, quando as reivindicações foram discutidas e a parceria para somar esforços em defesa do ensino superior público, inclusivo e de qualidade foi negociada. Uma vistoria será feita no local e os estudantes comprometeram-se a restaurar eventuais danos ao patrimônio decorrentes da ocupação. Os alunos informaram que a ocupação faz parte de um movimento em favor da universidade pública no Brasil e contra eventuais possibilidades de desmonte do ensino público. De acordo com a assessoria de imprensa da UnB, as negociações foram mediadas por três professores de distintas unidades acadêmicas. Participaram das conversas as professoras Ana Tereza Reis, da Faculdade de Educação, e Elza Noronha, da Faculdade de Medicina, e o professor Roberto Goulart Menezes, do Instituto de Relações Internacionais. Pela administração, participaram das negociações o chefe de gabinete, Paulo César Marques, a decana de extensão, Olgamir Amância Ferreira, e a assessora de assuntos estratégicos da reitoria, Mônica Nogueira. Segundo a assessoria de imprensa da UnB, o acordo prevê ainda a manutenção do diálogo, da transparência e do reconhecimento da pluralidade característica da universidade. *Com informações da Agência Brasil.

Pará – Prefeitura de Parauapebas é invadida pelo MST

Cerca de cento e cinquenta pessoas ligadas ao  Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e outra organizações do campo ocupam nesse momento a sede prefeitura de Parauapebas. Segundo o MST, a ação faz parte da Mobilização dos Trabalhadores para que o “governo tome medidas distributivas da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) no município e nas políticas públicas efetivas de distribuição de renda para os trabalhadores”. A ação também denuncia “a paralisação e abandono da Reforma Agrária pelos governos; os vinte anos do assassinato de Onalício Barros (Fusquinha) e Valentim Serra(Doutor), cujos os mandantes continuam soltos e impunes; contra os despejos no sul do Pará; e por um programa de apoio à agricultura com diálogo e participação com os trabalhadores”. Na verdade a pauta dessa ação de hoje é pressionar o prefeito para a mudança na gestão da Secretaria Municipal de Produção Rural (Sempror). Parte da direção do MST está insatisfeita com o atual secretário, Eurival Martins Carvalho (Totô) e quer porque quer que o prefeito Darci o demita. O Blog solicitou uma posição do governo em relação à pauta apresentada pelo Movimento. Todavia, até o fechamento dessa matéria não havia recebido resposta. A Ascom informou que está agendada para as 16 horas uma reunião com as lideranças do Movimento e que está em busca de mais informações para responder ao Blog. Notadamente a ação de hoje do MST transpassa a demanda por pautas relativas à socialização das terras paraenses e visa apenas os desejos locais do movimento. Enquanto isso, o direito constitucional de ir e vir está sendo prejudicado, mais uma vez!

400 membros do MST invadem gráfica do jornal O Globo, no Rio

Cerca de 400 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), a maioria mulheres, invadiram o parque gráfico do jornal O Globo, no Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira (8). Meia hora depois da invasão, o grupo deixou o local e não houve feridos. Segundo o jornal, os manifestantes chegaram em dez ônibus e invadiram o prédio a partir do estacionamento para visitantes, que é de livre acesso. O grupo não foi contido pelos seguranças da empresa devido à quantidade de integrantes — havia pessoas armadas com facões. Ainda de acordo com o jornal, os manifestantes fizeram pichações de mensagens políticas em vidraças, sofás, paredes e no piso. Também atearam fogo em pneus ao redor de um totem com o nome do jornal, que é de metal e não chegou a ser danificado. O grupo gritava palavras de ordem contra a Globo e a ação foi divulgada nas redes sociais. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudiaram a ação. “É inadmissível que um grupo, que se diz defensor das causas sociais, ameace e ataque profissionais e meios de comunicação que cumprem a missão de informar a sociedade sobre assuntos de interesse público”, diz nota conjunta das entidades. O texto diz ainda que “atos criminosos como este são próprios de grupos extremistas, incapazes de conviver em ambiente democrático, e não pautarão os veículos de comunicação brasileiros”. A Abert, a Aner e a ANJ pedem apuração dos fatos, “com a punição dos responsáveis, para que vandalismos como este não voltem a se repetir”.

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