Como a Globo prepara Mourão pra ser bem recebido pela direita

Por José Carlos de Assis/Brasil 247
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Central de Jornalismo
27 junho de 2021

Simplício: Ué, anunciaram que Mourão ia dar uma entrevista porreta na Globo para se descolar de vez de Bolsonaro, mas o que ela fez foi amaciar a cara feia do Mourão.

Angeline: Você não entende nada de política, Simplício. Bolsonaro ainda não está no chão porque a direita, apesar dos pesares, tem medo do Mourão. Acha que ele, por sua tradição indisciplinada no Exército, é tão imprevisível e perigoso quanto Bolsonaro.

Simplício: É por isso que a direita ainda não autorizou o Congresso a depor Bolsonaro?

Angeline: Claro, pergunte ao professor Galileu. A Globo quer derrubar Bolsonaro porque desde o início do governo ele anunciou publicamente que é inimigo dela. A oportunidade é essa, agora, quando Bolsonaro transformou o combate à pandemia numa chacina de mais de 500 mil pessoas, e o povo se juntou pelo impeachment.

Professor Galileu: Como você é inteligente, Angeline. E como você é ingênuo, Simplício. Quem estava fazendo perguntas a Mourão, na entrevista, não era o Roberto d´Ávila. Era a direção da Globo. E a direção da Globo, quer sim, derrubar Bolsonaro, mas quer também preservar a política econômica de Guedes.

Simplicio: Então foi por isso que Mourão disse às claras que é de direita, ou seja, liberal em economia e conservador nos costumes?

Professor Galileu: Você está melhorando das ideias, Simplício. A Globo sabe que o povo vai convencer o Congresso a derrubar Bolsonaro de qualquer maneira, por isso quer fingir que está com o povo, mas não muito. É preciso que o sucessor Mourão garanta que vai continuar com a política econômica de Guedes, que é a da Globo.

Simplício: Macacas me mordam, que confusão! Mas o quê Mourão entende tanto de economia liberal, ou neoliberal, para gostar tanto de Guedes?

Angeline: Pelo que ouvi dele, não entende absolutamente nada. Tem mania de dar palpite sobre tudo, como a maioria dos militares conservadores e preconceituosos contra os progressistas. Mas sua cabeça é de quartel. Não me consta que os colégios militares ensinem economia direito.

Professor Galileu: Acho que o único livro teórico de pseudo-economia que os militares consultam é o de Hayek, editado pela Biblioteca do Exército. Hayek se juntou com o economista Milton Friedman para refundarem o velho liberalismo civilizado, na forma neoliberalismo imbecil. Guedes aprendeu neoliberalismo teórico em Chicago, com Friedman, e na prática com o ditador Pinochet, no Chile. Eis aí as raízes da atual política econômica brasileira, que Mourão e a Globo aprovam.

Simplício: Macacas me mordam, que confusão! Mas que é neoliberalismo?

Professor Galileu: É deixar por conta do Estado educação e saúde, entregando ao setor privado toda a economia, inclusive o emprego, em forma de capitalismo especulativo predatório. Isso na teoria do Mourão. A prática de Bolsonaro, Mourão e Guedes é destruir tudo, educação, saúde e economia, como está acontecendo. Começando pela privatização fatiada da Petrobrás, da Eletrobrás e de outras estatais que garantiram o desenvolvimento brasileiro desde Getúlio Vargas até Dilma, passando pelo presidente militar Ernesto Guedes.

Simplício: É, com essa turma não haverá da recuperação da economia depois da pandemia. Então o melhor mesmo seria tirar também Mourão da sucessão, e antecipar eleições gerais.

Angelline: Como você é ingênuo, Simplício. Isso dependeria do Congresso, e esse Congresso não aprovaria essa solução, que seria a melhor para o povo.

Simplício: Então, o que fazer professor Galileu?

Professor Galileu: Rezar para que o Espírito Santo, e a pedagogia do fracasso da atual política econômica, inspirem o presidente Mourão a tirar Guedes, e colocar no lugar dele um economista progressista. Pelo menos até o fim de seu mandato. Do contrário, vamos ter de perder sangue até o próximo presidente eleito pelo povo.

Simplício escreveu na agenda vermelha: Definitivamente, Deus não é brasileiro: é confusão e azar demais para um país só!

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