Por Vicente Sá
Central de Jornalismo
11 de dezembro de 2021

O Natal está chegando e, como todo final de ano, as ruas ficam mais cheias de carros, as grandes lojas e os shoppings mais cheios de gente e, agora que o DF está repleto de pequenas feiras, elas também ficam lotadas. E aviso logo ao leitor que não é de Natal, mas de feira que trata esta crônica.

E que feira! A feirinha da 216 Norte, que acontece aos sábados. Fui apresentado a ela pelo ator e músico Murilo Grossi, um dos seus criadores. A identificação foi tanta e tão imediata que até me tornei, por algum tempo, um feirante, vendendo os congelados do Leão da Serra, meus livros e camisetas criadas pela minha companheira.

Todo Sábado, era uma delícia. Já cedo, nós entregávamos alguns congelados nas casas dos clientes e voltávamos, correndo, para a barraca da Fernanda Bigonha e do Murilo onde expúnhamos nossos produtos. A feirinha da 216 é super diversificada e tem um tanto de tudo: legumes e hortaliças; frutas e pastéis; almoço para comer lá ou levar na quentinha, livros usados, roupas coloridas, camisetas e cartazes de esquerda e um chope artesanal que é uma maravilha. Originária de Planaltina, a bebida é comercializada gelada e faz um grande sucesso entre os clientes e entre os feirantes também.

Murilo, que, na sua barraca com a Fernanda, vende produtos trazidos da sua fazenda, revezava-se comigo na fila do chope. A cada meia hora um de nós ia e o outro ficava com as meninas cuidando “do Loja”.

Vez em quando, a organização da feira promove umas apresentações musicais e poéticas, mas mesmo quando elas não acontecem, os artistas não deixam de bater ponto e papo na agradável muvuca. É um grande e constante nadar num mar de amigos e pessoas que você gosta ou admira. Todas atraídas, como você, pelo ambiente descontraído que só as feiras têm.

Um cordelista – lá também tem – me disse que as feiras são patrimônio imaterial de toda a humanidade e eu concordo. É uma humanização do comércio. Aquela prosa boa e tranquila com o vendedor, a provadinha e todas as boas coisas que a convivência nos traz.

Se faltava alguma coisa em Brasília, agora não falta mais, pois estou sabendo que existem muitas outras como ela espalhadas por todo o Distrito Federal. Basta o Sol sair um pouquinho para que as pessoas se animem e corram para feirar – esta prática tão necessária e democrática.

Gadelha Neto e Sérgio Duboc, são dois músicos que, recentemente, descobriram a feirinha e, encantados com a festa de vida que ela proporciona, me convidaram a fazer uma música exaltando, não só ela, como todas as outras. Já estou trabalhando na letra. Acho mais que necessário poetar sobre o nosso dia a dia e estas pequenas/imensas coisas.

Com a reabertura do restaurante que tocamos, eu e a Lucia, não pude e não posso mais ir à feirinha. Mas, hoje, como ainda está cedo, faz Sol e passou aqui em casa o poeta Sóter, vou adiantar a crônica de amanhã e pegar sua carona. Será uma fugidinha rápida até a feira, para revê-la e, é claro, tomar aquele chopinho especial com meu amigo Murilo. Voltarei antes que minha mulher consiga dizer:

  • Pindamonhangaba, cadê aquele Vicente fujão?

Bom Domingo e, quem sabe, até o próximo Sábado, na feira ou aqui no Espaço Cultural Leão da Serra.

Vicente Sá

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