Exclusivo: Milicianos continuam ganhando espaço na política do Rio de Janeiro

O município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, tornou-se um exemplo preocupante da crescente influência de milicianos na política do Rio de Janeiro. A nomeação de dois secretários com histórico de ligação com grupos paramilitares pelo prefeito Márcio Canella acendeu um alerta sobre a infiltração do crime organizado na administração pública.

O caso mais recente e emblemático é a nomeação de Fábio Augusto de Oliveira Brasil, conhecido como Fabinho Varandão, e Eduardo Araújo para as pastas de Esportes e de Indústria e Comércio, respectivamente. Ambos possuem um histórico de acusações e condenações relacionadas à atuação de milícias na região.

• Fabinho Varandão responde a processo por extorsão e porte ilegal de arma de fogo. Ele é acusado de chefiar um grupo que ameaçava moradores e explorava serviços clandestinos de internet em Belford Roxo, tendo sido preso em 2018. Sua tentativa de candidatura a vereador em 2022 foi barrada pelo TRE e pelo TSE devido à ligação com milícias. O ministro Antônio Carlos Ferreira, do TSE, afirmou em sua decisão que “o candidato ostenta contra si diversos elementos denotativos de sua participação em milícia armada, na prática de extorsões e no porte ilegal de armas para manter o domínio de atividades econômicas locais”.

• Eduardo Araújo carrega uma condenação de oito anos de prisão por integrar uma milícia acusada de diversos homicídios na Baixada Fluminense. Assim como Varandão, ele também teve sua candidatura a vereador indeferida em eleições anteriores.

A nomeação de figuras ligadas à atuação de milícias para cargos públicos levanta sérias questões sobre a administração pública e a influência do crime organizado na política local. A reação do Ministério Público, que anunciou a investigação das nomeações, demonstra a gravidade da situação.

Infelizmente, a situação em Belford Roxo não é um caso isolado. O Rio de Janeiro tem um histórico de envolvimento de políticos com milicianos, em um ciclo vicioso que ameaça a democracia e o estado de direito.

• Um exemplo emblemático é o clã Jerominho, liderado por Jerônimo Guimarães Filho, condenado por chefiar a milícia “Liga da Justiça”. Sua influência política se perpetuou através de familiares, como sua filha Carminha Jerominho, eleita vereadora em 2008 mesmo estando presa, e seu irmão Natalino Guimarães, ex-deputado estadual, cuja filha Jéssica Guimarães se candidatou a vice-prefeita em 2016.

• Outro exemplo é o de Luiz André Ferreira da Silva, o Deco, ex-vereador condenado por integrar uma milícia. Após deixar a prisão, ele fez campanha para seu filho, Daniel Carvalho, em 2020, visando manter a influência política da família.

• A prisão de Luiz Antonio da Silva Braga, o Zinho, considerado um dos líderes milicianos mais procurados do Rio de Janeiro, revelou sua influência política e levou ao afastamento da deputada estadual Lucinha (PSD), suspeita de envolvimento com sua milícia.

Esses casos demonstram a complexidade do problema da infiltração miliciana na política e a necessidade de ações enérgicas por parte das autoridades e da sociedade para combater esse ciclo vicioso que corrói as instituições democráticas.

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