A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), um dos maiores orgulhos do Brasil no campo da ciência e saúde pública, tem enfrentado um inimigo inesperado e alarmante: a violência urbana. Localizada no complexo de Manguinhos, no Rio de Janeiro, a instituição frequentemente é afetada por tiroteios e confrontos armados que paralisam suas atividades e colocam em risco a vida de trabalhadores, estudantes e frequentadores.
Em um dos episódios mais recentes, tiros atingiram janelas da instituição e uma funcionária ficou ferida por estilhaços. A troca de tiros ocorreu durante uma operação policial no Complexo de Manguinhos, que terminou com mortos e feridos, afetando diretamente a rotina de quem trabalha e estuda no local.
Os impactos desses episódios vão além do medo. Pesquisadores foram obrigados a interromper experimentos delicados, estudantes tiveram aulas suspensas, e serviços essenciais para a população, como o atendimento no Museu da Vida, foram interrompidos.
Um espaço estratégico ameaçado
A Fiocruz é um pilar da saúde pública brasileira e internacional, responsável por pesquisas científicas de ponta e produção de vacinas que salvam milhões de vidas. No entanto, sua localização no entorno de comunidades marcadas pela ausência do Estado e pela violência transforma a instituição em vítima recorrente de um problema estrutural que atinge o Rio de Janeiro. “A violência não é um problema só da Fiocruz, mas das pessoas que vivem aqui ao redor. Quando uma instituição como a nossa é impactada, isso é um reflexo da falta de políticas públicas na região”, afirma um trabalhador que preferiu não se identificar.
A luta por segurança
A direção da Fiocruz tem buscado alternativas para minimizar os impactos da violência. Medidas como o trabalho remoto emergencial e o reforço da segurança interna foram adotadas, mas os desafios persistem. Em nota, a instituição criticou operações policiais que ocorrem sem planejamento e afetam diretamente áreas públicas sensíveis. “É inconcebível que operações armadas sejam realizadas sem qualquer comunicação prévia com instituições como a nossa, colocando em risco não apenas nossos trabalhadores, mas toda a comunidade”, declarou a presidência da Fiocruz.
Um chamado por mudanças
Os episódios recentes reacendem o debate sobre a necessidade de políticas de segurança mais integradas e eficazes. A Fiocruz, enquanto símbolo da ciência e saúde pública brasileira, é também um lembrete de que nenhuma instituição – por maior e mais importante que seja – está imune aos impactos da violência urbana.
Enquanto a violência persistir, a Fiocruz continuará a ser um símbolo de resistência em meio ao caos, mas também um apelo por um Brasil mais seguro, onde ciência, saúde e educação possam florescer sem medo.