Por Moisés Mendes
Compartilhado por Central de Jornalismo
18 de novembro de 2022
Bolsonaristas em atos antidemocráticos.
Há manés agarrados ao para-brisa de caminhões, manés foragidos em Nova York e manés rezando e atirando-se ao chão em louvação ao hino, à pátria, à família e aos militares.
Há manés num nível intermediário, organizando os manés da base, e até financiando alguma coisa, um churrasquinho ou um banheiro químico. São os práticos, os operadores da turma do deixa-comigo.
Há manés mobilizadores, porque têm forte voz de comando e são referências econômicas e políticas inspiradoras da extrema direita. Eles sustentam moral e financeiramente a balbúrdia.
É provável que todos eles, da hierarquia do projeto golpista, estejam representados nas listas enviadas pelas polícias dos Estados e pelo Ministério Público ao ministro Alexandre de Moraes.
Todos também têm representantes na lista, ainda pequena, de 43 nomes de pessoas e empresas apontadas como articuladoras e financiadoras dos atos e que tiveram contas bancárias bloqueadas por ordem de Moraes.
Esses manés das estradas e dos acampamentos nos quartéis, já identificados porque expostos presencial ou virtualmente, serão encaminhados a sacrifícios. Alguns não terão como escapar.
Mas ainda faltam os que estão certos de que aplicarão um migué nas polícias, no MP e no Judiciário. São os grandes indutores do golpe, os chefões a serviço de Bolsonaro.
O grande fascista, o fascistão que aciona as muitas camadas de manés, não aparece ainda entre os listados, pelo menos publicamente.
Os investigadores e Alexandre de Moraes sabem de quem se trata. São figuras manjadas, que até tiveram aparições públicas de incitação ao golpe, antes e depois da eleição.
É a figura clássica do fascistão com muito dinheiro, poder político conquistado pela fidelidade ao bolsonarismo, e mais a soberba da impunidade. Esse fascista sem escrúpulos está acima de todas as hierarquias de manés.
Um mané foragido em Nova York só existe como fora da lei e sobrevive numa das cidades mais caras do mundo porque o manezão milionário o protege.
Mas esse grandão vai dificultar o trabalho dos que caçam manés, porque ele não deve ter deixado rastros como pessoa física.
O fascistão não manda pix, não contrata empresas de banheiros químicos e não aparece nas concentrações dos tios do zap. Mas sua energia golpista está ali.
O fascistão tem prepostos e atua desde a eleição de 2018. Ele é o desafio para os caçadores de manés, porque se protege na sua pessoa jurídica.
Os grandões que aplicam migué no Judiciário há muito tempo, que escaparam das ações no TSE contra a chapa Bolsonaro-Mourão, e que continuaram agindo, às vezes descaradamente, são os golpistas só aparentemente camuflados. Moraes conhece todos eles.
MP e Justiça podem pegar milhares de manés e conter a bagunça nas ruas. Mas sabem que, se não pegarem os fascistões, o trabalho terá ficado pela metade.
O fascistão é especialista em aplicar miguéis nas instituições, até por achar que é temido em todas as áreas e instâncias.
Se ficar impune, o grandão milionário que trabalha a mando direto de Bolsonaro formará mais adiante novas tropas de manés, para reorganizar a turba e continuar conspirando.
Texto originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES