Em meio a um novo ano legislativo, a polêmica sobre as “emendas Pix” volta a assombrar o governo Lula. Apesar dos esforços do governo em garantir um uso mais transparente e responsável do dinheiro público, deputados demonstram resistência em abrir mão de privilégios e do controle sobre parte do orçamento.
O mecanismo, que permite a transferência direta de recursos da União para estados e municípios sem necessidade de projetos detalhados ou licitações, foi alvo de críticas em 2024 devido à falta de transparência. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, chegou a suspender os repasses, exigindo mecanismos de controle mais rigorosos.
A pressão de parlamentares, ávidos por manter o controle sobre as verbas, forçou a retomada dos repasses em dezembro, ainda que sob novas regras. A Advocacia-Geral da União (AGU), em uma tentativa de garantir segurança jurídica, auxiliou na elaboração de uma portaria interministerial.
Apesar dos apertos na legislação, suspeitas de uso indevido das emendas continuam a pairar sobre o Congresso. Um levantamento do portal Metrópoles revelou que deputados federais direcionaram mais de R$ 171 milhões em emendas Pix para prefeituras administradas por seus próprios familiares.
Casos emblemáticos, como o de Coari (AM) e Tucuruí (PA), onde as prefeituras receberam milhões em emendas de parlamentares com vínculos familiares com os prefeitos, levantam sérias dúvidas sobre a destinação dos recursos públicos.
Enquanto o governo Lula tenta impor limites à “farra” das emendas, parlamentares de diferentes partidos demonstram apetite voraz pelo dinheiro público. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, lidera a lista, seguido pelo União Brasil.
A batalha pelo controle das emendas Pix promete novos capítulos em 2025. A pressão por transparência e o combate ao uso indevido dos recursos públicos serão temas centrais no debate político, colocando em lados opostos o governo e a “velha política”.