Diário da Quarentena – Tem Algo Errado na Proteção da Enfermagem no Rio Grande do Sul.

Por Caco Schmitt
Jornalista, roteirista e diretor. Trabalhou na TV Cultura/SP como diretor e chefe da pauta do jornalismo; diretor na Agência Carta Maior/SP e na Produtora Argumento/SP. Editor de texto no Fantástico, TV Globo/SP. Repórter em vários jornais de Porto Alegre, São Paulo e Brasília.

Hoje é o Dia Internacional da Enfermagem. Eu queria apenas prestar uma homenagem a todas amigas e amigos que fazem do ato de salvar vidas sua rotina profissional. Que no instante em que o mundo vive uma drástica pandemia são ainda mais importantes e se arriscam todos os dias. Lembro que há exatamente um mês (dia 12 de abril – 24° dia da quarentena) reuni todas das informações de mortes, descasos, falta de EPIs e escrevi no diário: “Estão condenando à morte quem luta para nos manter vivos!” Pois bem, ontem, ao ler a manchete do jornal Correio do Povo aqui de Porto Alegre fiquei ainda mais preocupado: “O RIO GRANDE DO SUL É O 5º ESTADO COM MAIOR NÚMERO DE AFASTAMENTOS DE PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM, conforme levantamento realizado pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), ficando atrás dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Ceará. Esse relatório não inclui o Amazonas que, segundo o Jornal Hoje de agora 13h, tem 1.958 profissionais da saúde afastados, portanto, mais que o Rio de Janeiro. Ou as informações estão erradas, ou alguma coisa muito preocupante acontece num dos estados com menor número (oficial) de pessoas com a covid-19.
Vamos aos números oficiais de ontem no Brasil: 168.331 casos confirmados de coronavírus e 11.519 mortes. O RS é o 14° em número de casos (2.576) e também em número de mortes (105). Como pode ser um dos lugares com maior afastamento do pessoal da saúde? Se agora é assim, que dizer se os números dispararem! Já tivemos no estado, dia 9 de abril, 1.449 médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, funcionários de instituições de saúde afastados. Agora são 789.
Só para ficar nos dois estados com maior número de pessoal da saúde afastado: São Paulo é o primeiro, tem 46.131 casos de covid-19 e 3.743 mortes. O afastamento é de: 2.732 profissionais; em segundo lugar o Rio de Janeiro, com 17.939 casos e 2.522 mortes. São 1.770 profissionais afastados. Rio e São Paulo enfrentam o epicentro da pandemia, morte e mais morte, hospitais lotados. Aqui o número de casos é bem menor, o trabalho na rede hospitalar ainda está sob controle, então por que tantos casos? O presidente do Coren-RS, Daniel Menezes de Souza, disse ao CP que muitas queixas por falta de Equipamento de Proteção Individual (EPI) ou pela baixa qualidade dos EPIs fornecidos, e mesmo falta de treinamento. Então, faço aqui um pedido aos governantes e administradores de hospitais e unidades de saúde do Rio Grande do Sul: não comemorem o Dia da Enfermagem, mas ajudem, comprem EPIs de qualidade, treinem o pessoal, garantam condições de higiene e desinfecção nos ambientes de trabalho pelo bem dessa categoria valente e pelo bem de todos nós. Eles estão sobrecarregados e ansiosos demais para comemorar a data de hoje. Se vocês garantirem mais segurança para enfermeiras e enfermeiros, técnicos de enfermagem e todo pessoal das enfermarias e UTIs todos nós comemoraríamos muito. Em todo caso, meus cumprimentos a toda a categoria. Sigo aqui torcendo por vocês e comemorando junto cada alta hospitalar, cada pessoa curada que volta pra casa. Beijos.

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Fonte Segura: Central de Jornalismo

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