Crônica S/A – Heródoto, meu vizinho ou preciso crescer

Vocente Sá

A vida, caros leitores, muitas vezes, coloca nossa capacidade de discernimento à prova. E eu espero que vocês tenham esta capacidade bem desenvolvida, afinal, há vários anos nos conhecemos por meio do Facebook onde tenho demonstrado meu apreço pela Democracia e pela Liberdade. Terminada a abertura misteriosa e confusa, vamos à crônica, propriamente dita.Heródoto, um vizinho amigo, com quem às vezes troco ideias em minhas caminhadas, me fez o alerta que deu início a esta história. Era final de ano, e nos encontramos no Conjunto Nacional, naquela coisa de comprar presentes em cima da hora que, às vezes, sempre ocorre. Ele parecia diferente, como alguém que descobriu um grande segredo e não sabe se conseguirá guardá-lo consigo. Me puxou para um canto e, olhando para os lados, falou:- Há uma guerra, não uma guerra, uma disputa no mundo entre duas facções que nós nem mesmo sabemos que existem, a Barba e a Bandeja.Feito um aluno no primeiro dia de aula, eu repeti: – a barba e a bandeja.Ele, como se tivesse lido a linha anterior, pareceu se irritar um pouco e falou mais alto: – A Barba e a Bandeja com maiúscula! São dois grupos muito organizados, que funcionam em todo o mundo. Há células deles aqui mesmo, no Conjunto Nacional, embora a sede funcione no Conic.Vendo que eu não entendia nada e estava prestes a deixá-lo, lá, parado, levou-me até a praça de alimentação, pediu dois chopes, e me explicou:- A Barba é o grupo dos barbeiros e a Bandeja é o dos garçons. Eles vêm, há muitos anos, colhendo informações e se preparando para alguma coisa grande. Você nunca notou como os barbeiros são campeões em iniciar uma conversa sobre um assunto qualquer e quando você vê está falando de sua vida de casado, do colégio de seus filhos, seus programas de TV favoritos? E eles lá, só ouvindo e de vez em quando soltando uma pequena palavra ou mesmo uma conversa toda inventada, para que você continue falando.Pensei com meus botões e concordei com ele que, entusiasmado, continuou:- E os garçons, heim? Você que frequenta muitos bares, mais do que ninguém, deve lembrar como eles estão sempre ali por perto, de ouvidos ligados nas conversas das mesas, mas quando você os procura para fazer um pedido, eles estão conversando entre si. Isto é, estão passando as informações que colheram em sua mesa.Tornei a concordar com ele, mas aproveitei para fazer uma pergunta que estava crescendo dentro da minha cabeça. Para que eles queriam estas informações?Heródoto parecia esperar a pergunta e respondeu, na bucha:- Ora, amigo, informações são as coisas mais preciosas do mundo. Quem tem informações, tem tudo. Imagine o tamanho destas duas organizações e a quantidade de dados que eles têm sobre todos nós. Sabem o que comemos, como gostamos de assistir TV, os sonhos e as peraltices de nossos filhos, de nossas esposas. Isto não só no Brasil, no mundo. Você sabe como as grandes empresas e os governos adoram fazer dossiês sobre tudo e todos. E os utilizam para elaborar seus discursos, vender seus produtos, em suma, dominar o mundo. Não sei, ainda, quando, mas os barbas e os bandejas estão se preparando. Por isso, Vicente, tome cuidado com o que você fala nos bares e nas barbearias. Seguiu seu caminho e eu fiquei uns dias sem encontrá-lo. Acabei achando que era uma história maluca e a esqueci. Em janeiro, por via das dúvidas, fui até a barbearia do Onofre e, enquanto fazia a barba, conversei com um amigo que lá trabalha. Nossa amizade antiga me permitiu ser direto e lhe perguntei se eles, os barbeiros, tinham uma organização e queriam dominar o mundo.- Nada disso, nós e os Bandejas, apenas tentamos proteger o mundo da FBI – A Federação dos Baixinhos Invocados –, esta sim, quer conquistar o mundo.Fez uma pausa solene e, com a navalha encostada em minha jugular, perguntou soturno:- Falar nisso, Vicente, qual é mesmo sua altura?Vicente SáNovo PS: As Crônicas S/A, agora, estão sendo publicadas nos portais – Central de Jornalismo – www.centraldejornalisamo.com.br e www.aultimafolha.com.br e transmitidas pela Rádio Esplanada FM, todas as segundas feiras às 9 horas da manhã. Os leitores que quiserem ouvir minhas histórias pela minha voz devem acessar o site www.radioesplanadafm.org ou usar o aplicativo radiosnet.com. Até o próximo Domingo ou até amanhã

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Fonte Segura: Central de Jornalismo

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